TÔNICO ZDROWYMEN

Dosada de humor ácido, a história do TÔNICO ZDROWYMEN talvez significasse, na carne dos novaquenses, a ideia da exploração do homem pelo homem.


Assim se veste o assunto. Narrado inclusive como verídico por toda humilde e bem-humorada população da cidade de Inovaco, onde a fábrica ilusoriamente existiu.
O compenetrado inovaquense, senhor Robusti, por exemplo, dono de sonora voz, conta para o público estrangeiro que esteve no departamento comercial do ZDROWYMEN, com a finalidade de obter informações sobre a possibilidade de aquisição de franquia da marca. Seria para um primo residente em outro país. ZDROWYMEN significava homem saudável. Junção do inglês com o polonês. Na visita que fizera à fábrica, disseram-lhe que a indústria era recente. Apesar do enorme sucesso do estimulante, a direção não tinha ainda se organizado para apreciar o proposto elo comercial. Tendo sido cordialmente recebido, aproveitou a oportunidade e provou o vigoroso energizante.
– De fato, com apenas uma garrafa de 350 ml me sentir saudável. O fechamento da fábrica se deu da seguinte forma: certo departamento governamental dera por falta de habituais pedintes. Temendo que o sumiço recaísse sobre ele, começou a investigar. Meses depois, surgiu uma pista. A partir daí foi fácil desvendarem o mistério. A polícia estourou a fábrica e libertou cento e tantos pedintes que eram preliminarmente submetidos a trabalhos forçados. A imprensa não divulgou tamanha aberração. Pois, cultivamos a privacidade com amor e zelo. Embaraço com órgãos da administração pública, o fato se desenrola através de relatórios, vetado à imprensa especular. Somente depois de investigado, concluído e levado a julgamento há permissão para divulgá-lo. Portanto, a invasão da fábrica permaneceu em sigilo, obedecendo-se à habitual ética de convivência. O julgamento realizou-se três anos depois. Estranhamente a imprensa não cobriu o evento e os responsáveis fabricantes do TÔNICO ZDROWYMEN, uma sociedade anônima formada por desconhecidos, não foram a júri. Durante o julgamento, isso depois que o relatório do flagrante foi lido e sido provado através de fotografias do que ali acontecia. A gerente, que não era pedinte, não quis se pronunciar. Dada a palavra a quem desejasse fazê-lo, a pedinte Cravina ergueu a mão e revelou que fora sequestrada para trabalhar na fábrica. Eram preliminarmente submetidos a trabalhos forçados. A sua função imposta pela empresa era a de preparar o tônico: "Despia a matéria prima: cadáveres frescos. Raspava cabelos e pelos. E operando um guindaste colocava-os num liquidificador gigante. Adicionava conservantes e água para render e triturava-os. Depois abria uma válvula existente na base do copo do liquidificador cujo líquido consistente escoava para um reservatório. Envasado consequentemente em garrafas de 350 ml e comercializado."
– O TÔNICO ZDROWYMEN! – sublinhavam os estrangeiros.
– Perfeitamente.
A história culminava em gargalhadas.


ILUSÃO OU FATO?

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